Durante muito tempo, tive a preocupação com o realismo e com desenho realista. Eu, seguidora fiel de Hajime Sorayama, ficava preocupada com este clássico. Até que vi o trabalho hiper realista (ou neo realista ou ultra realista) de Ian STrawn e desencanei de vez. Mas o golpe de misericórdia nas ataduras da contemporaneidade foi mesmo o comentário de Davi Cury, que me acalmou dizendo que só mesmo neste país de terceiro mundo, as universidades deixam de ensinar pintura. Bom, não é exatamente um comentário que deixa a gente calmo, mas me deu segurança pra investir no realismo. Conheci o trabalho do Ian Strawn numa revista Zupi. O cara é cha-ti-nho (pra entender essa, você precisa assistir ao video dos "Mlehores do mundo" aí embaixo) Fiquei apaixonada, principalmente pela forma como ele simplesmente abandona o desenho num determinado momento.
Me identifiquei de cara. Isso acontece comigo também. Eu só preciso saber que a pessoa está ali na tela. Depois disso, pra mim, o quadro está terminado. Isso funciona quando você faz um trabalho autoral, mas nem todo cliente pensa assim. Certa vez, eu fiquei horas fazendo um rosto enorme para um cliente. Então de repente, o cara desenhado estava lá no muro(era um graffiti). Dei por encerrado. Mas o cliente reclamou que eu não havia feito a orelha.
- Você não fez a orelha dele.
- Na foto, não dá pra ver a orelha dele.
- mas ele tem orelha, você não pode deixar o desenho com a orelha inacabada.
-Na foto, não dá pra ver os detalhes. Se não vejo, não desenho.
- Inventa, faz qualqer coisa.
- Me arruma uma foto com a orelha dele que eu faço.
- Não precisa, faz qualquer coisa só pra dizer que a orelha está ali.
- Mas não será a orelha dele.
- Mas não é importante ser a orelha dele.
- Se não é importante, pra que fazer?
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