Tocando em frente, com Ray Titto


Ray Titto cantando e contando a terra: The Lone Ranger, James Cameron e Belo Monte.


Dia desses fui na Biblioteca Nacional registrar a música Chão Vermelho. Bem perto do local onde queimaram o índio. Justo em Brasília, justo nessa região de povos de pouco espaço e da vida de pouca chuva. Pensei em 2008. Na coragem Kaiapó da índia Tuíra deslizando a lâmina de seu facão na cara do embasbacado José Antônio Muniz Lopes - Big Boss da Eletronorte - ela roubou a cena. A bravura de Tuíra ficou registrada nos jornais do mundo inteiro e isso, rolou pouco tempo depois do assassinato de Chico Mendes, em Xapuri, talvez um dos motivos para o encontro de Altamira adquirir notoriedade inesperada. Parei na banca W3 Sul. O rubro negro Wilson vendia jornais com minha Niterói, triste e esmagada na lama. Nesses dias de avalanche e de questionamentos é que a tal usina hidrelétrica denominada Belo Monte continuou atiçando movimentos sociais e as lideranças indígenas do Brasil. Contrários à obra porque consideram que os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados. Em outubro de 2009, um painel de especialistas debruçou-se sobre o EIA e questionou os estudos e a viabilidade do empreendimento. Um mês antes, em setembro, diversas audiências públicas haviam sido realizadas sob um monte de críticas, especialmente do Ministério Público Estadual, seguido pelos movimentos sociais, que apontava problemas em sua forma de realização e ainda argumentava que o Brasil necessitava diversificar para fontes de novas energias como: solar, eólica e de biomassa. Mas, os representantes da Eletronorte afirmavam que a energia hidrelétrica é muito melhor, que custava pouco e é mais segura que a energia nuclear. A empresa disse que fez um grande esforço para minimizar o impacto sobre a Amazônia e para atender às preocupações locais, refez o projeto para que a área inundada fosse reduzida em mais de dois terços, para 400 quilômetros quadrados. E os danos ambientais que a construção causará? Será que é verdade que grande parte da área que será inundada já foi desmatada? De acordo com o projeto inicial, a construção da hidrelétrica alagaria 1,2 mil km² e inundaria a aldeia Paquiçamba. O projeto atual ainda afetará a aldeia, de 48 índios, mas propõe compensá-los com uma outra área dez vezes maior do que a atual e bla, blá, blá. Depois disso, sob a sombra do meu Pralana de aba larga, ouvi que o juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo, de Altamira (PA), concedeu liminar que cancela a licença prévia ambiental do projeto da hidrelétrica de Belo Monte e assim, suspendeu o leilão da usina, marcado pelo governo para 20 de abril. Contudo, a decisão ainda é passível de recurso.

Na manhã desta terça-feira cerca de três toneladas de estrume foi despejada em frente à entrada principal da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No topo das bostas foram colocadas duas placas com os dizeres "Belo Monte de... problemas" e "Belo Monte de m...". Segundo o Greenpeace, essa era "a única maneira de resumir, em uma imagem, a herança maldita que o governo Lula deixa para o país insistindo nessa obra", disse o grupo, em comunicado. O leilão foi suspenso por uma segunda liminar concedida pela Justiça do Pará. Antes disso, das brumas de Avatar surgiu o cavaleiro James Cameron defendendo, em Brasília, que o governo deveria buscar alternativas para a construção de Belo Monte. Com a garra dos guerreiros de Hollywood, participou de um emocionante manifestação contra a obra aprovada pelo nosso presidente defensor dos fracos e oprimidos. Cameron chegou por volta das 14h ( hora do Vale a pena ver de novo ), acompanhado da atriz Sigourney Weaver. Aproveitando a breve parada no Centro-Oeste, ambos foram provar um franguinho com pequi no Feitiço Mineiro, depois se esbaldaram ouvindo a viola do mestre Índio Cachoeira e se apaixonaram pelo Socopé do meu amigo e trovador de São Tomé e Príncipe: Tonecas, acompanhado pelo competente baixista Nelson. O diretor gringo e a bela atriz, pra não perderem a viagem, ainda divulgaram o lançamento do DVD e do Blu-ray do filme de 2009. Rente aos Representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens e de organizações indígenas também organizaram a primeira manifestação na frente do prédio da Aneel, quando levaram faixas com os dizeres: "Em defesa da Amazonia, Não a Belo Monte!". Em cima de um carro de som, James Cameron gritou "A Amazonia é nossa!!!" ops... Não, não foi desse jeito.

- Também quero apoiar. Não posso resistir a isso. - Ele disse.

O frio do outono havia chegado nas verdejantes Superquadras em plena noite de domingo. Daí, Cameron se reuniu com a candidata à Presidência Marina Silva ( PV ). Num tom quase apaixonado, pra ela ele disse:

- Gostei muito do seu discurso, senadora. Eu acredito em alternativas para esse tipo de empreendimento, baby. Certa vez, The Lone Ranger - aquele Zorro que tinha um cavalo chamado Silver e um amigo índio, o Tonto - se meteram numa roubada muito punk. Cercados de peles-vermelhas, enfurecidos e querendo seus escalpos e a farta e cintilante crina do Silver. The Lone Ranger não vendo saída, disse:

- Oh, meu Deus... Parece que desta vez nós estamos perdidos, amigo.

De soslaio, Tonto olhou o mascarado e balbuciou:

- Nós quem, cara-pálida?”

http://www.myspace.com/bandarioclaro

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