Coluna da Lya Alves: Nietzsche - Arte e “instinto de conhecimento” .


Nietzche é um dos escritores mais lidos atualmente. Infelizmente tem sido lido muito como leitura de auto-ajuda, oque por si só prova que não o estão lendo corretamente. Nietzsche está longe de ser um escritor de auto ajuda, mas um que de deixa numa rua escura e desconhecida no meio da madrugada, cercado de marginais.

A arte alemã do final do século XIX foi influenciada com a sua presença. aliás, Nietzsche devia ser o estraga prazer de toda festa. O cara que aponta a mediocridade, que faz você ver oque não quer e que está sempre lá cutucando alguma coisa. Mas tinha um amigo, Richard Wagner, que carregou essa cruz de ser o amigo do filósofo. Em "O nascimento da tragédia" Nietzsche efetua a crítica da racionalidade científico-filosófica, prestando tributo a Wagner. Neste livro, Nietzshe fala acerca do "instinto de conhecimento". para ele, o conhecimento não faz parte da natureza humana. Ele conta uma fábula fantástica:

“Em algum ponto do universo inundado por cintilações de inúmeros sistemas solares houve um dia um planeta em que os animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais orgulhoso e mais mentiroso da história universal, mas foi apenas um minuto. Depois de alguns suspiros da natureza o planeta se congelou e os animais inteligentes tiveram que morrer”.

Quando diz não haver instinto de conhecimento, ele quer dizer que não se deve definir o homem pelo conhecimento ou o conhecimento como o valor principal do homem porque os instintos são mais fundamentais do que o conhecimento. Mas quando ele fala de "instinto de conhecimento" ou de verdade,  está se referindo a um instinto da crença no conhecimento ou na verdade, na verdade, um instinto de crença. Para ele, não há posse da verdade, mas apenas convicção, suposição de possuir a verdade, uma verdade que não tem como critérios a evidência e a certeza; mas tem como condição o esquecimento e a suposição.

No conflito entre o instinto estético e o instinto de conhecimento, Nietzsche toma posição ao lado da arte. Para ele, cabe à arte e à filosofia, estabelecer o valor da ciência ou, que vem a ser o mesmo, dominar o instinto de conhecimento. Enquanto a ciência e as filosofias que nela continuam ainda a agir  almejam o “conhecimento absoluto”, enquanto a “filosofia do conhecimento desesperado” é dominada pelo saber a qualquer preço, o conhecimento destrutivo, a filosofia trágica deve ajudar a viver, acentuando a “relatividade de todo conhecimento” e sua força de ilusão. O conhecimento a serviço da melhor vida. Deve-se querer até a ilusão – isso que é o trágico.

“os gregos dominaram seu instinto de conhecimento, em si mesmo insaciável, graças ao respeito que tinham pela vida, graças à exemplar necessidade que tinham pela vida – pois o que aprendiam logo queriam viver”.

Os gregos respeitavam a vida, dominaram o instinto ilimitado de conhecimento em nome de uma afirmação da vida: Por isso, para ele, a arte é a alternativa para o conhecimento destrutivo, ou o instinto de conhecimento. A arte, em Nietzsche , é uma necessidade, a própria descoberta da vida como transbordar de forças.

Lya Alves

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