Coluna Lya Alves: Casamento Gay - O inimigo agora é outro

Estava lendo a matéria sobre as declarações do Serra e da Dilma no site da Época. Ambos  candidatos tem visão parecida. Em evento em São Paulo, Serra se disse favorável à união civil de homossexuais, mas declarou que o casamento é um “assunto das religiões”. A posição é semelhante à de Dilma. Serra disse ainda que “A união em torno de direitos civis já existe, inclusive na prática, pelo Judiciário. E eu sou a favor para efeito de Direito”.
Mas não é bem assim. A união estável é conversa pra boi dormir, não garante nada, 
não entra em vara de família e não garante nada. Alguns planos de saúde já começaram a aprovar plano de saúde para homossexuais como plano família, mas esta é uma conquista pequena diante da quantidade de direitos civis negados aos homossexuais. Casamento gay não é uma questão religiosa, é civil, tem a ver com cidadania. Importamos da velha Roma não só o 'Pão&Circo", mas também a velha estratégia de transferência de responsablidades. Explico: lembra que nos dias de Jesus, um dos apóstolos era cobrador de impostos? Roma exigia altos impostos do povo, mas para que este não se rebelasse, eles instituíram o cargo de cobrador de impostos, que cobrava direto do povo e ainda podia acrecentar aos impostos cobrados o seu pagamento, sem regulamentação nenhuma. O povo odiava este profissional corrupto por natureza. Mas sua verdadeira função era desviar a atenção do povo, atraindo o ódio popular para si.

Com a questão do casamento gay em pauta, é a mesma coisa: os políticos atiram para o lado da religião uma responsabilidade que é deles. É do governo a responsabilidade de garantir direitos civis aos homossexuais, não da religião. É do governo a responsabilidade de garantir a pensão do conjuge, entre outros assuntos pertinentes ao casamento. Mas pouquíssimos homossexuais conseguem pensão em caso de morte do companheiro, por exemplo e nestes casos, político nenhum ajuda, e o pior, nem mesmo os representantes da classe se movimentam a favor e -pasmem, não querem sequer discutir o assunto, de modo que alguns homossexuais casados já consideram que a "Parada Gay" não é para os gays casados ou que querem ter uma vida ou união estavel real e com direitos de um cidadão que paga seus impostos vive com dignidade e tem realmente o orgulho gay.

A questão dos direitos dos homossexuais não tema  ver com religião, é questão de cidadania. Também não é uma questão onde apenas os homossexuais deveriam reivindicar, mas toda sociedade. Observar de longe sem envolvimento é uma omissão que será cobrada quando nós formos alvo de outras discriminações. O conceito de democracia dos políticos é uma via de mão única. A cada dia eles dividem para conquistar, criando minorias compulsivamente, de modo que cada vez mais a sociedade se enfraquece. Num momento, estão todos contra os gays, no outro, contra os cristãos, no outro contra os afro-descendentes, ou contra as mulheres. Sempre grupos pequenos que ficam isolados e continuam a ter seus direitos negados, mas suas obrigações continuam em dia - e aumentando.

Quando todos os grupos perceberem que estão sendo atiçados uns contra os outros, mas que o inimigo em comum é o sistema de governo, e não outras minorias (ou maiorias), talvez seja tarde demais. Ou talvez, numa perspectiva otimista, tenhamos tempo de nos unir todos em prol uns dos outros e buscar apoio uns com os outros ao invés de buscar um político messiânico, ou um  "salvador da pátria".
 
Em Cristo,
Lya Alves

1 comentários:

Samuel Balbino disse...

Graça e paz amada, que bom que existe nesse Brasil pessoas de mente aberta. Vamos orar para que Deus ilumine os olhos do restante do povo, para que eles não venha mais a fazer esse péssimo papel que fizeram nessa campanha agora. Fica na Graça irmã.!

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