Ruas de fogo, e um só caminho - por Lya Alves


Hoje, eu e André buscávamos um som para fazer uma vinheta e começamos a brincar com a voz pra testar o som que queríamos , então lembrei de um som que eu gostava na infância. Bem, por volta de 1984/86, minhas amigas ouviam Xuxa e os artistas iam no programa. Mas, como eu já disse antes, eu não gostava da Xuxa nem das suas músicas. Ninguém tinha me dito que a Xuxa não sabia cantar, mas eu já sabia disso aos 8-9 anos de idade. Na época, meu tio começava uma banda de rock chamada Cadillac 55, que tocava o som da década de 50. Acho que foi a primeira banda de Niterói a tocar anos 50, até ali, as bandas tocavam Beatles e Rolling Stones, mas ele um
dia descobriu que John Lennon ouvia Chuck Berry e quis saber quem era o cara .E assim, começou um processo meio CSI na música e descobriu que Beatles tinha a ver com Elvis, Jerry Lee, Chuck Berry e Buddy Holly. 


Na época não havia googlesearch, mas havia um programa na Rádio Imprensa fm chamado " A era de ouro do .Rock'n'.Roll", que mudou nossas vidas. O programa tocava os clássicos da década de 50 e dali meu tio começou a conhecer as músicas que faziam a cabeça dos seus ídolos. Dali foi mais fácil conseguir os discos. Era fascinante, era difícl achar, quando acabou o programa, as canções não tocavam na rádio, nem nos programas de  flashbacks, mas ele ja tinha oque precisava. Um dos lp's foi a trilha sonora de American graffiti, primeiro filme de Harrisson Ford.(Indiana Jones.). 


Dali por diante, a pesquisa foi se formando até que a banda foi formada. Meu tio ficou alucinado com as canções de Elvis Presley nos tempo de   Jailhouse Rock, usava jaquetões de couro, óculos escuro, costeletas e topete anos 50. Mas quando ele saia de casa, eu tinha o toca-discos só pra mim e ouvia canções qeu ele simplesmente pulava no disco, como  Maybe, com The Chantells, que, claro, eu tinha medo de dizer que curtia  mais do que a versão com a   sagrada Janis Joplin. Aos 13 anos, Sixteen candles, me emocionava mais com The Crests do que com Jerry Lee Lewis, embora esse, sim fosse meu favorito, oque era duro de entender pra meu tio, que idolatrava Elvis. Além de ser quase um som alienígena comparado ao som do final dos anos 80. Meus amigos não me compreendiam e descobri que precisava ser solitária se não quisesse me alistar na legião urbana. 

Outro episódio marcante foi quando meu tio me levou pra ver um especial da Motown na casa de um amigo, Fernandinho Scooby Doo, foi difícil, estavam todos se divertindo com o som, mas eu queria chorar. que som era aquele que me fazia chorar? Elvis era o rei, mas os caras da Motown... não, meu tio não entenderia. ele entendia que eu gostasse de Buddy Holly, Jerry Lee, Dion and the Belmonts, Beach Boys, Chuck Berry, Jack Dell Shannon, e Beatles, entendia até eu não me importar tanto com os Stones, mas under the boardwalk  com the Drifters? Baby, i need your loving, com Four Tops.? .My girl, com Temptations.(calma lá, eu já gostava antes do filme, assim como eu já conhecia .pretty woman e Roy Orbinson antes de "uma linda mulher"),  The Tracks Of My Tears,  com Smokey Robinson.&The Miracles.eram canções que ele tinha, mas não ouvia. 

O tempo passa, e a gente ve que tudo se encaixa.: dentre as músicas que eu mais gostava dos beatles estavam money that's what i want , que na verdade, era de Berry Gordy, Jr. e  Shout, que era de The Isley BrothersDepois, usando o método CSI que meu tio usava,  comecei a cavar as influencias de Janis Joplin, que admitia que no início copiou Bessie smith (1929), descobri sozinha Aretha Franklin e Billie Hollyday e Dinah Washington. Sem o Google, e sem informação visual, mas apenas com umas fitas k/7, não dava pra sacar o que certamente voce já percebeu: eu gostava de música black, mais do que os caras que gostavam de musica black e tornavam ela branca. ...Talvez por isso eu me identificasse tanto com Jerry Lee Lewis, que fugia pra de casa à noite ouvir música negra. 

Na verdade, um dos mais bem guardados segredos da minha adolescência foi que certa vez eu e minhas amigas, dentre as comparsas, Ana Cláudia, e Ana Paula, e mais duas, chegamos a ensaiar Countdown to love, que conhecemos através do filme Streets of fire, na tentativa de formar um grupo musical só com meninas. Não fomos á frente, claro, tínhamos outras ocupações. Mas foi um tempo bom. Hoje, na igreja, quando a gente canta as canções com a pegada black, ou quando a gente canta Leonardo Gonçalves, ou quando viajo ao som de Yolanda Adams, entendo que Deus trilhou um caminho pra mim, e que desde sempre eu estava nele.


Certamente, hoje, mais um dia na presença de Deus, Oh, Amazing Grace...

Em Cristo, 
Lya alves



2 comentários:

Produção do Projeto disse...

Que lindo...Mas nunca achei Elvis maior que Jerry Lee e as baladas Dooo Woops que pulava no pickup Gradiant eram ouvidas nas madrugadas, enquanto você dormia.
o tio

Lya Alves disse...

Na verdade, eu acho que vc tinha um empate com Elvis, Chuck Berry e Jerry lee. Mas é aquilo, rei é rei e realeza não se discute. Nesse aspecto, falei que o Elvis era maior, afinal, quem vc tatuou no braço? Hein?Hein?
E sim, eu sei que vc ouvia e gostava, afinal, quem me levou pra ver o filme da Motown?
bj
Sobrinha Soul

Postar um comentário

Deixe aqui seu recado ou sua opinião, é com você que esse espaço cresce!

Blogs que amamos.

A Patotinha do site