coluna Lya Alves: Val Baiano e sua boca grande.



Val Baiano, atacante do Flamengo, deu a seguinte declaração na semana passada: "- Confio em Deus. Acho importante rezar e orar. Só não gosto de macumba. Se fosse do bem, seria boacumba. Quem sabe jogar água benta nas traves da Gávea....".
 A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), fundada por umbandistas e candomblecistas, fará um ato de repúdio contra o jogador, através de uma caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa.
Além de reunir pessoas que se manifestem contra as declarações do flamenguista, a CCRI solicitará uma audiência com o ministro dos esportes, Orlando Silva, para que o político use de sua força e peça aos atletas que tenham mais cuidado ao falarem de assuntos religiosos. Baseado no artigo 20 da Lei Caó, a incitação ao crime de intolerância religiosa, pode levar o manifestante a prisão, pois discriminação religiosa é crime inafiançável e imprescritível.

É de assustar. Associar religião à  política sempre teve consequências perniciosas. Mas salpicar a política na religião também não funciona. Por isso temos guerras religiosas. Que a política tem os seus códigos para enganar o povo legalmente, já sabemos. Mas estamos atravessando o momento onde a política está estendendo seus tentáculos para a religião e isto é perigoso. Porque nas antigas guerras religiosas, oque estava em jogo eram interesses políticos do Estado, e a religião era usada como ferramenta para justificar e legitimar qualquer atitude do Estado, afinal, em "nomi di Deuso", tudo é válido.

Hoje, a guerra é outra. Hoje é intolerância religiosa. Mas  oque realmente está em jogo? Concessões de rádios e Tvs? Aumento da bancada política em virtude da mídia? A guerra não é mais com armas de fogo, mas uma guerra jurídica que conta com assessoria de imprensa. Me preocupa o conflito "liberdade de expressão" versus "intolerância religiosa". Num país onde podemos rechaçar os políticos e falar mal do presidente da República?

O tal Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (PNCIR) me parece mais um plano de combate aos neopentecostais. Bem, talvez eles estejam provando do próprio veneno. A Bíblia diz em Provérbios 26:17: "O que, passando, se põe em questão alheia, é como aquele que pega um cão pelas orelhas". Por que esse povo anda se metendo em terreiro dos outros? Deixa o pessoal bater tambor, ora! Jesus não saiu por aí quebrando templo de Afrodite, de Apolo ou outro deus de sua época.  O único templo onde Jesus "botou pra quebrar" foi o templo do Deus ao qual chamava de Pai, e fez isto porque o templo havia virado uma casa de câmbio, com direito a SPC e tudo.

Val Baiano é jogador de futebol, não é sacerdote, teólogo ou qualquer coisa assim. Também não é conhecido por seu Q.I. Falou mais do que  boca, mas o universo dele é de torcidas organizadas que se amontoam pra um combate de gladiadores futebolísticos. A mente dele funciona para o futebol: um torcedor fala mal do time do outro, porque tudo é competição. Na mente dele, ainda há liberdade de dizer oque gosta e o que não gosta. Provavelmente quando pensa em má-cumba, tem em mente as propagandas em calssificados de jornais, onde alguns sacerdotes afirmam ter poder para destruir casamentos, e etc.  Mas até para isso há o respectivo telhado de vidro: os pastores que vendem água santa, terra santa, unção da lagartixa queimada e outras mil insanidades que fluem meio neopentecostal. Eles vendem o próprio evangelho e fazem o que querem da doutrina. Esquecem o amor e perseguem os próprios 'irmãos" da igreja. O marketing de Edir Macedo e de R.R. Soares é esse. Isto é marketing, não religião. Intolerância religiosa? Vejo apenas um amontoado de gente que não assume oque realmente deseja e como desculpa usa o tema, que está badaladinho.  Vamos processar as pessoas por terem opinião? É realmente isto que está em jogo aqui?

Quando Deus proibiu que a humanidade (Adam) comesse do fruto da árvore do conhecimento (no original: conhecimento, compreensão, opinião) do bem e do mal, isto era também uma proibição de julgar. Porque o homem não tem conhecimento suficiente para julgar, assim como uma criança não tem noção da realidade que a cerca., não podendo decidir oque é bom e oque é ruim para ela. Mas nós resolvemos julgar e processar, ao invés de optar pela Árvore da Vida.

Alguém duvida que a humanidade comeu do fruto da árvore?

Triste é a mentalidade de terceiro mundo onde o povo pensa que poder processar qualquer um é um avanço democrático, e que o fortalecimento da democracia se dá através de guerras judiciais e não da educação e da cultura. O problema real não é a intolerância, é a ignorância.

Lya Alves






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